Nos últimos anos, migrar para a nuvem virou quase um regra dentro das empresas. A promessa era simples: reduzir custos, ganhar flexibilidade e escalar sob demanda. Só que agora, em 2025, muita gente já percebeu que a história não é bem assim.
A conta da nuvem chegou — e para algumas organizações, ela veio bem mais alta do que o esperado. É nesse cenário que o FinOps entrou em cena como peça-chave para colocar ordem no caos dos gastos com cloud.
Afinal, o que é FinOps?
De forma simples, FinOps é a gestão financeira da nuvem. Não é só uma ferramenta ou um processo, mas uma cultura que une TI, Operações e Financeiro para responder a uma pergunta que virou dor de cabeça em muitas empresas:
“Onde está indo todo o dinheiro da nuvem?”
A lógica é clara: não basta rodar workloads na cloud, é preciso entender e justificar cada recurso usado. O FinOps cria visibilidade, ajuda a prever custos e garante que a fatura da nuvem não vire uma surpresa desagradável no fim do mês.
A realidade dos custos de nuvem em 2025
Quem já administra ambientes multicloud sabe bem: controlar gastos na nuvem não é nada trivial. Vamos a alguns pontos que estão marcando o cenário atual:
- Multicloud virou padrão: poucas empresas estão 100% em um único provedor. Isso significa faturas espalhadas entre AWS, Azure, GCP e até players regionais.
- Recursos ociosos: instâncias ligadas 24/7 sem necessidade continuam sendo uma das maiores fontes de desperdício.
- Faturas surpresa: quem nunca recebeu aquela conta com milhares de dólares a mais porque alguém esqueceu de desligar um cluster de testes?
- Compliance pesa no bolso: manter dados seguros e em conformidade com LGPD e GDPR exige investimento extra em segurança e storage.
- Impacto cambial: no Brasil, a alta do dólar tem feito muitos CFOs repensarem contratos com fornecedores de nuvem.
Um exemplo real que ouvi recentemente: uma empresa de e-commerce no Brasil viu sua fatura de nuvem crescer 40% em apenas seis meses sem aumento significativo no tráfego. O problema? Recursos de teste nunca desligados, snapshots antigos acumulados e instâncias superdimensionadas.
Principais desafios que o FinOps resolve
- Visibilidade – saber exatamente quem está gastando, com o quê e por quê.
- Previsibilidade – evitar variações bruscas e surpresas no billing.
- Responsabilidade – cada time deve responder pelo uso dos recursos de nuvem.
- Cultura – transformar o mindset de “a nuvem é infinita” para “a nuvem é eficiente quando bem usada”.
Boas práticas de FinOps em 2025
Implementar FinOps não é complicar processos, é trazer disciplina. Algumas práticas já consolidadas incluem:
- Tagueamento obrigatório: cada recurso precisa ter dono, projeto e centro de custo associado.
- Rightsizing: ajustar instâncias para o tamanho adequado. Não faz sentido pagar por uma VM 16x quando um 4x dá conta.
- Escalonamento automático: desligar recursos fora do expediente ou em horários de baixa demanda.
- Reservas e Savings Plans: contratar recursos com desconto quando o uso é previsível.
- Ferramentas de apoio: soluções como CloudHealth, Azure Cost Management e Kubecost ajudam a monitorar e otimizar em tempo real.
- Governança multicloud: políticas claras de uso e centralização de relatórios financeiros.
Exemplo prático: uma fintech brasileira reduziu 30% da fatura da AWS apenas adotando rightsizing e desligando ambientes de homologação à noite e nos fins de semana.
O futuro do FinOps
Olhando para frente, o FinOps vai se integrar cada vez mais com outras áreas:
- DevOps: otimização de custos já no ciclo de desenvolvimento.
- SecOps: segurança e custos andando juntos, sem comprometer compliance.
- FinOps-as-a-Service: surgimento de empresas especializadas em gerenciar custos de nuvem para PMEs.
O recado é claro: o CFO não vai mais aceitar “é caro porque é cloud”. TI precisa justificar cada centavo gasto.
Conclusão
A nuvem continua sendo indispensável para inovação e crescimento. Mas em 2025, ficou claro que a falta de governança pode transformar essa mesma nuvem em um buraco negro de dinheiro.
O FinOps é a resposta: não só para reduzir custos, mas para garantir que a nuvem seja usada de forma inteligente e estratégica.
Se antes falar de FinOps parecia “frescura de gestor”, hoje é questão de sobrevivência financeira para empresas de todos os tamanhos.
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